sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Breves considerações


Dentre os vários significados existentes que definem o termo prodígio, correlacionamos a ideia principal que é transmitida por este vocábulo a um período literário marcante para a história deste país, afinal a fase pré modernista e o modernismo traduzem de forma clara a excepcionalidade da antiga terra Vera Cruz, que recepcionou povos europeus que disseminaram aqui suas influências culturais e literárias. Por muito tempo fomos obrigados a vangloriar de forma exacerbada a arte proveniente das terras europeias, merecendo destaque a interferência francesa. Somente a partir do século vinte que começamos desmistificar nossos pensamentos artísticos através de correntes patrióticas que mostraram o talento dos artistas brasileiros. Sendo este período prodigioso da história nacional um marco relevante para a construção de um acervo literário nosso, no qual, deglutidos todas as dominações aqui implantadas e liberamos um produto tipicamente BRASILEIRO, produto este, incomum até então, mostrando o talento que estivera por séculos camuflados. E é por toda esta magnificência das fases já citadas que denominamos nosso espaço literário com tal termo. Esperamos que os visitantes se deleitem nas nossas publicações, tornando-se assim indivíduos prodigiosos tal qual foi este período.

Resumo das principais pinturas modernistas


Principais pintores do Modernismo Brasileiro

Tarsila do Amaral (1886 - 1973)

Tarsila do Amaral, nasceu em São Paulo. Foi uma das principais figuras do Movimento Modernista Brasileiro, mas não participou da 'Semana de Arte Moderna de 1922', estava na Europa estudando.
Fez parte do 'Grupo dos Cinco' do qual fazia parte, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Pichia, Anita Malfatti.

Quadro 'Abaporu'
Quadro 'Antropofagia'
                                        

 
Tarsila foi a criadora do movimento 'Pau-Brasil' e 'Antropofágico', movimento que clamava por uma estética de cunho Nacionalista nas tendências que os brasileiros incorporavam dos movimentos artísticos vindos da Europa.
Sua obra foi marcada por cores vivas e alegres, técnica do cubismo, abordagem de temas sociais, do cotidiano e paísagens do Brasil.

Quadro 'Operários'
                                                
 


        Quadro 'Religião Brasileira'
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Di Cavalcanti (1897/1976)

Di Cavalcante Nasceu no Rio de janeiro, foi pintor, ilustrador e caricaturista, desenhista de jóias, tapetes e painéis. 'A Semana de Arte Moderna de 1922' foi idéia sua.

Quadro 'Cinco Moças de Guaratinguetá'
 
 

                                                          
Seus temas favoritos foram os temas nacionais e populares, como favelas, operários, soldados, marinheiros, figuras de belas negras e festas populares. Sua arte tem uma abordagem sensual e tropical.

Quadro 'Mulata de Vestido Verde'

                                                                        
    
                                                               
                       
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao longo de sua carreira recebeu muitos prêmios importantes como o de 'melhor pintor brasileiro' na bienal de São Paulo de 1953 e uma medalha de ouro por sua exposição na França, entre tantos outros prêmios.
Os amigos que tiveram o privilégio de conviver com Di Cavalcante, dizem que ele era um boêmio e romântico que teve incontáveis mulheres. A vida para Di Cavalcante era uma constante alegria e celebração.
Quadro 'Mulheres, Flores e Araras'

                                         
Quadro 'Baile Popular'

 
 
 
Cândido Portinari (1903/1962)

Cândido Portinari era filho de imigrantes Italianos, nasceu em São Paulo numa fazenda de café, Santa Rosa.
Mesmo sendo de familia muito humilde, e cursado apenas o primário, seu dom artístico foi manifestado na infância, aos 6 anos de idade.
Aos nove anos participou dos trabalhos de restauração da igreja de Brodowski, ajudando os pintores Italianos, mais tarde desenhou o retrato de Carlos Gomes.
Aos 15 anos viajou para São Paulo para estudar no Liceu de Artes e Ofícios onde se matriculou na Escola Nacional de Belas Artes para estudar desenho e pintura.
Daí em diante foi uma trajetória de sucesso, prêmios e viagens ao estrangeiro.

Quadro 'Favela'                                                                    

                                                                                         
 
 
Quadro 'Menino com Pião'
                                                                                  

Cândido Portinari pintou cerca de cinco mil obras, que vão desde de pequenos esboços a gigantescos murais. Nenhum pintor brasileiro alcançou mais projeção internacional do que Portinari.

Quadro 'Os Retirantes'
 

 Anita Malfatti

 
Um dos períodos de maior produção artística de Anita Malfatti foi durante sua estadia nos Estados Unidos, quando a artista se isolou numa ilha de pescadores na Costa do Maine chamada Monhegan Island (nome que serve de subtítulo a um dos quadros da época: Rochedos
 
 
Anita passava os dias pintando ao ar livre, e ao anoitecer ouvia as aulas inspiradas de Homer Boss. Nesse ambiente de liberdade e inspiração, a artista explorou as influências expressionistas adquiridas durante seu aprendizado anterior na Alemanha. Em obras como A Ventania e A Onda, a paisagem local é representada como uma força selvagem, agressiva e dinâmica, e o uso da deformação expressa certa inquietação do olhar humano diante da natureza.
 
 

 

3ª Fase do Modernismo Brasileiro - 1945 em diante

 


Características:
  • A ficção desenvolve a sondagem interior;
  • A linha regionalista acrescenta à análise social as preocupações metafísicas e universalistas;
  • Renova-se a estrutura narrativa, devido à aguda consciência do fazer literário;
  • Exploram-se as potencialidades da linguagem;
  • A poesia volta-se para preocupações de caráter formal, busca-se a essência do poético, a linguagem despoja-se, os poetas demonstram aguda consciência estética;
  • Manifesta-se a tendência ao intelectualismo e ao hermetismo;
  • Desenvolvimento do teatro e da crítica literária.

Contexto Histórico

Com a transformação do cenário sócio-político do Brasil, a literatura também transformou-se. O fim da Era Vargas, a ascensão e queda do Populismo, a Ditadura Militar, e o contexto da Guerra Fria, foram, portanto, de grande influência na Terceira Fase. Na prosa, tanto no romance quanto no conto, houve a busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica e introspectiva, tendo como destaque Clarice Lispector. O regionalismo, ao mesmo tempo, ganha uma nova dimensão com a recriação dos costumes e da fala sertaneja com Guimarães Rosa, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central. A pesquisa da linguagem foi um traço caraterísticos dos autores citados, sendo eles chamados de instrumentalistas.

A geração de 45 surge com poetas opositores das conquistas e inovações modernistas de 22. A nova proposta, inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947. Negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras características modernistas, os poetas de 45 buscaram uma poesia mais “equilibrada e séria”, tendo como modelos os Parnasianos e Simbolistas. No fim dos anos 40, surge um poeta singular, não estando filiado esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto.
Autores representativos:
  • Poesia: João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade;
  • Prosa: Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Adonias Filho, Autran Dourado, Osman Lins;
  • Teatro: Nelso Rodrigues, Ariano Suassuna, Dias Gomes, Maria Clara Machado

2ª Fase do Modernismo Brasileiro - 1930 a 1945

 

Características:
  • Fase de maior estabilidade e de ampliação das conquistas modernistas;
  • A poesia, abandonando o tom predominantemente humorístico e irreverente da fase anterior, demonstra preocupações sociais, universalistas e metafísicas;
  • A prosa evolui em duas direções: o regionalismo neonaturalista de cunho social e a pesquisa psicológica, introspectiva.

 

Autores representativos:
     
  • Poesia: Jorge de Lima, Augusto Federico Schmidt, Murilo Mendes, Tasso da Silveira, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade;
  • Prosa regionalista: José Américo de Almeira (A Bagaceira), Mário de Andrade (Macunaíma),
    Rachel de Queirós, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado;
  • Prosa psicológica: Cornélio Pena, Otávio de Faria, Lúcio Cardoso.



 A maioria dos poetas de 30 absorveram experiências de 22, como a liberdade temática, o gosto da expressão atualizada ou inventiva, o verso livre e o antiacademicismo. Portanto, ela não precisou ser tão combativa quanto a de 22, devido ao achamento de uma linguagem poética modernista já estruturada. Passara, então, a aprimorá-la, prosseguindo a tarefa de purificação de meios e formas direcionando e ampliando a temática da inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade.
 
Soneto do Corifeu
(Vinicius de Moraes)

São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.

Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.
 
 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

As criações de Manuel Bandeira sob a ótica Modernista

Não podemos falar sobre Manuel Bandeira sem antes recordarmos o que foi o Modernismo Brasileiro. Este período literário eclodiu com a Revolução Industrial (século XX), pois a mesma foi fruto de uma grande revolução: a Revolução de 30, onde Getúlio Vargas sobe ao poder e a burguesia industrial define um novo rumo para a economia do país, que foi a industrialização.
Os autores que fizeram parte da era modernista tinham como objetivo resgatar as origens culturais, até então alicerçadas nos moldes importados.
Foi também autor de várias poesias e de textos em prosa como Ritmo Absoluto, contribuindo também para vários jornais e traduzindo peças teatrais.
Analisaremos, pois, uma poesia do referido poeta enfatizando as características modernistas:

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

                                                                                Manuel Bandeira


 Podemos perceber uma crítica acentuada no que se refere ao lirismo exagerado, tanto pregado pelos autores do Romantismo, pois os mesmos abusavam deste instinto melancólico como forma de fugir da realidade. Critica também os parnasianos, que tanto se prenderam ao vernaculismo e às formas fixas de expressão, como os sonetos. Já o Modernismo valorizava a liberdade de expressão e o uso dos versos livres, inclusive no próprio poema há o predomínio dos mesmos. E, por último, notamos uma aproximação entre a língua falada e escrita, exprimindo certo coloquialismo, que também era uma característica da estética em estudo.

1ª Fase do Modernismo Brasileiro - 1922 a 1930

 

Características:
  • Busca de inspiração nas raízes da nacionalidade: Brasil pré-cabralino, índio, cultura provinciana de faixa litorânea com tradições coloniais, marcha para o oeste;
  • Influência das correntes de vanguarda européia e estadunidense;
  • Espírito polêmico e destruidor: anarquia, irracionalismo, manifestos, luta contra a tradição, mais destruição que construção;
  • Nacionalismo intransigente.

Obras representativas: Pau-Brasil, Memórias Sentimentais de João Miramar (Oswald de Andrade), Paulicéia Desvairada, A Escrava que não é Isaura, Amar