Não podemos falar sobre Manuel Bandeira sem antes
recordarmos o que foi o Modernismo Brasileiro. Este período literário eclodiu
com a Revolução Industrial (século XX), pois a mesma foi fruto de uma grande
revolução: a Revolução de 30, onde Getúlio Vargas sobe ao poder e a burguesia
industrial define um novo rumo para a economia do país, que foi a
industrialização.
Os autores que fizeram parte da era modernista tinham como
objetivo resgatar as origens culturais, até então alicerçadas nos moldes
importados.
Foi também autor de várias poesias e de textos em prosa como
Ritmo Absoluto, contribuindo também para vários jornais e traduzindo peças
teatrais.
Analisaremos, pois, uma poesia do referido poeta enfatizando
as características modernistas:
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no
dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira
Podemos perceber uma
crítica acentuada no que se refere ao lirismo exagerado, tanto pregado pelos
autores do Romantismo, pois os mesmos abusavam deste instinto melancólico como
forma de fugir da realidade. Critica também os parnasianos, que tanto se
prenderam ao vernaculismo e às formas fixas de expressão, como os sonetos. Já o
Modernismo valorizava a liberdade de expressão e o uso dos versos livres,
inclusive no próprio poema há o predomínio dos mesmos. E, por último, notamos
uma aproximação entre a língua falada e escrita, exprimindo certo
coloquialismo, que também era uma característica da estética em estudo.
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