Dentre os vários significados existentes que
definem o termo prodígio, correlacionamos a ideia principal que é transmitida
por este vocábulo a um período literário marcante para a história deste país,
afinal a fase pré modernista e o modernismo traduzem de forma clara a
excepcionalidade da antiga terra Vera Cruz, que recepcionou povos europeus que
disseminaram aqui suas influências culturais e literárias. Por muito tempo
fomos obrigados a vangloriar de forma exacerbada a arte proveniente das terras
europeias, merecendo destaque a interferência francesa. Somente a partir do
século vinte que começamos desmistificar nossos pensamentos artísticos através
de correntes patrióticas que mostraram o talento dos artistas brasileiros. Sendo
este período prodigioso da história nacional um marco relevante para a construção
de um acervo literário nosso, no qual, deglutidos todas as dominações aqui
implantadas e liberamos um produto tipicamente BRASILEIRO, produto este, incomum
até então, mostrando o talento que estivera por séculos camuflados. E é por
toda esta magnificência das fases já citadas que denominamos nosso espaço
literário com tal termo. Esperamos que os visitantes se deleitem nas nossas
publicações, tornando-se assim indivíduos prodigiosos tal qual foi este
período.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Principais pintores do Modernismo Brasileiro
Tarsila do Amaral (1886 -
1973)
Tarsila do Amaral, nasceu em São Paulo. Foi uma das principais figuras do Movimento Modernista Brasileiro, mas não participou da 'Semana de Arte Moderna de 1922', estava na Europa estudando.
Fez parte do 'Grupo dos Cinco' do qual fazia parte, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Pichia, Anita Malfatti.
Quadro 'Abaporu'
Tarsila do Amaral, nasceu em São Paulo. Foi uma das principais figuras do Movimento Modernista Brasileiro, mas não participou da 'Semana de Arte Moderna de 1922', estava na Europa estudando.
Fez parte do 'Grupo dos Cinco' do qual fazia parte, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Pichia, Anita Malfatti.
Quadro 'Abaporu'
Quadro 'Antropofagia'
Tarsila foi a criadora do movimento 'Pau-Brasil' e 'Antropofágico', movimento
que clamava por uma estética de cunho Nacionalista nas tendências que os
brasileiros incorporavam dos movimentos artísticos vindos da Europa.
Sua obra foi marcada por cores vivas e alegres, técnica do cubismo, abordagem de temas sociais, do cotidiano e paísagens do Brasil.
Quadro 'Operários'
Sua obra foi marcada por cores vivas e alegres, técnica do cubismo, abordagem de temas sociais, do cotidiano e paísagens do Brasil.
Quadro 'Operários'
Quadro 'Religião Brasileira'
Di Cavalcanti (1897/1976)
Di Cavalcante Nasceu no Rio de janeiro, foi pintor, ilustrador e caricaturista, desenhista de jóias, tapetes e painéis. 'A Semana de Arte Moderna de 1922' foi idéia sua.
Quadro 'Cinco Moças de Guaratinguetá'
Di Cavalcante Nasceu no Rio de janeiro, foi pintor, ilustrador e caricaturista, desenhista de jóias, tapetes e painéis. 'A Semana de Arte Moderna de 1922' foi idéia sua.
Quadro 'Cinco Moças de Guaratinguetá'
Seus temas favoritos foram os temas nacionais e populares, como favelas, operários, soldados, marinheiros, figuras de belas negras e festas populares. Sua arte tem uma abordagem sensual e tropical.
Quadro 'Mulata de Vestido Verde'
Ao longo de sua carreira recebeu muitos prêmios importantes como o de 'melhor
pintor brasileiro' na bienal de São Paulo de 1953 e uma medalha de ouro por sua
exposição na França, entre tantos outros prêmios.
Os amigos que tiveram o privilégio de conviver com Di Cavalcante, dizem que ele era um boêmio e romântico que teve incontáveis mulheres. A vida para Di Cavalcante era uma constante alegria e celebração.
Os amigos que tiveram o privilégio de conviver com Di Cavalcante, dizem que ele era um boêmio e romântico que teve incontáveis mulheres. A vida para Di Cavalcante era uma constante alegria e celebração.
Quadro 'Mulheres, Flores e Araras'
Quadro 'Baile Popular'
Cândido Portinari
(1903/1962)
Cândido Portinari era filho de imigrantes Italianos, nasceu em São Paulo numa fazenda de café, Santa Rosa.
Mesmo sendo de familia muito humilde, e cursado apenas o primário, seu dom artístico foi manifestado na infância, aos 6 anos de idade.
Aos nove anos participou dos trabalhos de restauração da igreja de Brodowski, ajudando os pintores Italianos, mais tarde desenhou o retrato de Carlos Gomes.
Aos 15 anos viajou para São Paulo para estudar no Liceu de Artes e Ofícios onde se matriculou na Escola Nacional de Belas Artes para estudar desenho e pintura.
Daí em diante foi uma trajetória de sucesso, prêmios e viagens ao estrangeiro.
Quadro 'Favela'
Cândido Portinari era filho de imigrantes Italianos, nasceu em São Paulo numa fazenda de café, Santa Rosa.
Mesmo sendo de familia muito humilde, e cursado apenas o primário, seu dom artístico foi manifestado na infância, aos 6 anos de idade.
Aos nove anos participou dos trabalhos de restauração da igreja de Brodowski, ajudando os pintores Italianos, mais tarde desenhou o retrato de Carlos Gomes.
Aos 15 anos viajou para São Paulo para estudar no Liceu de Artes e Ofícios onde se matriculou na Escola Nacional de Belas Artes para estudar desenho e pintura.
Daí em diante foi uma trajetória de sucesso, prêmios e viagens ao estrangeiro.
Quadro 'Favela'
Quadro 'Menino com Pião'
Cândido Portinari pintou cerca de cinco mil obras, que vão desde de pequenos
esboços a gigantescos murais. Nenhum pintor brasileiro alcançou mais projeção
internacional do que Portinari.
Quadro 'Os Retirantes'
Quadro 'Os Retirantes'
Anita Malfatti
Um dos períodos de maior produção artística de Anita Malfatti foi durante sua estadia nos Estados Unidos, quando a artista se isolou numa ilha de pescadores na Costa do Maine chamada Monhegan Island (nome que serve de subtítulo a um dos quadros da época: Rochedos
Anita passava os dias pintando ao ar livre, e ao anoitecer ouvia as aulas inspiradas de Homer Boss. Nesse ambiente de liberdade e inspiração, a artista explorou as influências expressionistas adquiridas durante seu aprendizado anterior na Alemanha. Em obras como A Ventania e A Onda, a paisagem local é representada como uma força selvagem, agressiva e dinâmica, e o uso da deformação expressa certa inquietação do olhar humano diante da natureza.
3ª Fase do Modernismo Brasileiro - 1945 em diante
Características:
- A ficção desenvolve a sondagem interior;
- A linha regionalista acrescenta à análise social as preocupações metafísicas e universalistas;
- Renova-se a estrutura narrativa, devido à aguda consciência do fazer literário;
- Exploram-se as potencialidades da linguagem;
- A poesia volta-se para preocupações de caráter formal, busca-se a essência do poético, a linguagem despoja-se, os poetas demonstram aguda consciência estética;
- Manifesta-se a tendência ao intelectualismo e ao hermetismo;
- Desenvolvimento do teatro e da crítica literária.
Contexto Histórico
Com a transformação do cenário sócio-político do Brasil, a literatura também
transformou-se. O fim da Era Vargas, a ascensão e queda do Populismo, a Ditadura
Militar, e o contexto da Guerra Fria, foram, portanto, de grande influência na
Terceira Fase. Na prosa, tanto no romance quanto no conto, houve a busca de uma
literatura intimista, de sondagem psicológica e introspectiva, tendo como
destaque Clarice Lispector. O regionalismo, ao mesmo tempo, ganha uma nova
dimensão com a recriação dos costumes e da fala sertaneja com Guimarães Rosa,
penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central. A pesquisa da
linguagem foi um traço caraterísticos dos autores citados, sendo eles chamados
de instrumentalistas.
A geração de 45 surge com poetas opositores das conquistas e inovações modernistas de 22. A nova proposta, inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947. Negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras características modernistas, os poetas de 45 buscaram uma poesia mais “equilibrada e séria”, tendo como modelos os Parnasianos e Simbolistas. No fim dos anos 40, surge um poeta singular, não estando filiado esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto.
A geração de 45 surge com poetas opositores das conquistas e inovações modernistas de 22. A nova proposta, inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947. Negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras características modernistas, os poetas de 45 buscaram uma poesia mais “equilibrada e séria”, tendo como modelos os Parnasianos e Simbolistas. No fim dos anos 40, surge um poeta singular, não estando filiado esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto.
Autores representativos:
2ª Fase do Modernismo Brasileiro - 1930 a 1945
Características:
- Fase de maior estabilidade e de ampliação das conquistas modernistas;
- A poesia, abandonando o tom predominantemente humorístico e irreverente da fase anterior, demonstra preocupações sociais, universalistas e metafísicas;
- A prosa evolui em duas direções: o regionalismo neonaturalista de cunho social e a pesquisa psicológica, introspectiva.
Autores representativos:
- Poesia: Jorge de Lima, Augusto Federico Schmidt, Murilo Mendes, Tasso da Silveira, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade;
- Prosa regionalista: José Américo de Almeira (A Bagaceira), Mário de Andrade (Macunaíma),
Rachel de Queirós, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado; - Prosa psicológica: Cornélio Pena, Otávio de Faria, Lúcio Cardoso.
A maioria dos poetas de 30 absorveram experiências de 22, como a liberdade
temática, o gosto da expressão atualizada ou inventiva, o verso livre e o
antiacademicismo. Portanto, ela não precisou ser tão combativa quanto a de 22,
devido ao achamento de uma linguagem poética modernista já estruturada. Passara,
então, a aprimorá-la, prosseguindo a tarefa de purificação de meios e formas
direcionando e ampliando a temática da inquietação filosófica e religiosa, com
Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes,
Carlos Drummond de Andrade.
Soneto do Corifeu
(Vinicius de Moraes)
São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.
(Vinicius de Moraes)
São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
As criações de Manuel Bandeira sob a ótica Modernista
Não podemos falar sobre Manuel Bandeira sem antes
recordarmos o que foi o Modernismo Brasileiro. Este período literário eclodiu
com a Revolução Industrial (século XX), pois a mesma foi fruto de uma grande
revolução: a Revolução de 30, onde Getúlio Vargas sobe ao poder e a burguesia
industrial define um novo rumo para a economia do país, que foi a
industrialização.
Os autores que fizeram parte da era modernista tinham como
objetivo resgatar as origens culturais, até então alicerçadas nos moldes
importados.
Foi também autor de várias poesias e de textos em prosa como
Ritmo Absoluto, contribuindo também para vários jornais e traduzindo peças
teatrais.
Analisaremos, pois, uma poesia do referido poeta enfatizando
as características modernistas:
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no
dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira
Podemos perceber uma
crítica acentuada no que se refere ao lirismo exagerado, tanto pregado pelos
autores do Romantismo, pois os mesmos abusavam deste instinto melancólico como
forma de fugir da realidade. Critica também os parnasianos, que tanto se
prenderam ao vernaculismo e às formas fixas de expressão, como os sonetos. Já o
Modernismo valorizava a liberdade de expressão e o uso dos versos livres,
inclusive no próprio poema há o predomínio dos mesmos. E, por último, notamos
uma aproximação entre a língua falada e escrita, exprimindo certo
coloquialismo, que também era uma característica da estética em estudo.
1ª Fase do Modernismo Brasileiro - 1922 a 1930
Características:
Obras representativas: Pau-Brasil, Memórias Sentimentais de João Miramar (Oswald de Andrade), Paulicéia Desvairada, A Escrava que não é Isaura, Amar
- Busca de inspiração nas raízes da nacionalidade: Brasil pré-cabralino, índio, cultura provinciana de faixa litorânea com tradições coloniais, marcha para o oeste;
- Influência das correntes de vanguarda européia e estadunidense;
- Espírito polêmico e destruidor: anarquia, irracionalismo, manifestos, luta contra a tradição, mais destruição que construção;
- Nacionalismo intransigente.
Obras representativas: Pau-Brasil, Memórias Sentimentais de João Miramar (Oswald de Andrade), Paulicéia Desvairada, A Escrava que não é Isaura, Amar
Grupos Modernistas
Passada a batalha inicial, em que todos se
uniram para enfrentar a reação do grande público e dos intelectuais
conservadores, formaram-se vários grupos que partiram em busca do que
procuravam.
Segundo Domício Proença Filho (Estilos de Época na Literatura), os grupos modernistas surgidos após a Semana podem assim ser relacionados:
Alguns, escritores, como Manuel Bandeira, não se filiaram a nenhum grupo. Por outro lado, um mesmo autor figura ora em uma corrente ora em outra. Era uma época de busca e ampliação de caminhos.
Segundo Domício Proença Filho (Estilos de Época na Literatura), os grupos modernistas surgidos após a Semana podem assim ser relacionados:
- Corrente Dinamista - Rio de Janeiro
Características: preocupação com o progresso material, a técnica do mundo moderno, o movimento e a velocidade.
Representantes principais: Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Guilherme de Almeida, Renato de Almeida, Álvaro Moreira, Villa-Lobos, Agripino Grieco.
Livro-síntese das teorias: Velocidade, de Renato de Almeida.
- Corrente Primitivista - São Paulo
Características: preocupação com motivos primitivos nacionais.
Representantes principais: Oswald de Andrade, Raul Bopp, Antônio de Alcântara Machado.
Síntese das teorias: Revista Antropofagia e Manifesto Pau Brasil.
- Corrente Nacionalista - São Paulo
Características: preocupação com a "nacionalização" da literatura através de motivos brasileiros, folclóricos, indígenas, nativos, americanos, anti-europeísmo. Aglutina várias correntes: a do Movimento Verde-Amarelo (1926), a do Movimento da Anta (1927), a do Movimento da Bandeira (1936).
Representantes principais: Oswald de Andrade, Raul Bopp, Guilherme de Almeida, Carriano Ricardo, Menotti del Picchia, Cândido Motta Filho.
Síntese das teorias: Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta.
- Corrente Espiritualista - Rio de Janeiro
Características: manutenção da herança simbolista, defesa da tradição, do mistério, conciliação do passado e futuro, universalidade de temas.
Representantes principais: Tasso da Silveira, Andrade Muricy, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Araújo, Barreto Filho, Adelino Magalhães e, mais tarde, Cecília Meireles e Murilo Mendes.
Síntese das teorias: Revista Festa.
- Corrente Desvairista - Descentralizada
Características: liberdade da pesquisa estética, renovação da poesia, criação da língua nacional.
Representantes principais: Mário de Andrade.
Síntese das teorias: Prefácio Interessantíssimo, de Mário de Andrade, do livro de poemas Paulicéia Desvairada.
- Corrente do sentimentalismo intimista e esteticista
Representantes principais: Ribeiro Couto, Guilherme de Almeida.
Alguns, escritores, como Manuel Bandeira, não se filiaram a nenhum grupo. Por outro lado, um mesmo autor figura ora em uma corrente ora em outra. Era uma época de busca e ampliação de caminhos.
A Semana de Arte Moderna
Realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de
1922, no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna constou de três
recitais em que houve conferências doutrinárias, declamações de poemas e leitura
de trechos em prosa, apresentação de música e coreografia, exposição de pintura
e escultura.
Consubstanciação de uma série de tendências que
vinham gradativamente tomando corpo, a Semana é ao mesmo tempo ponto de chegada
e ponto de partida. Representa uma tomada de posição dos artistas novos diante
do público, um assumir conscientemente o propósito de buscar caminhos
renovadores para a cultura e a arte brasileiras. Desse modo, o grupo de vanguarda (Ronald de Carvalho, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Sérgio Melliet, Guiomar Novaes, Villa-Lobos, Victor Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, dentre outros) lançava-se à aventura com alguns propósitos definidos:
renovadores para a cultura e a arte brasileiras. Desse modo, o grupo de vanguarda (Ronald de Carvalho, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Sérgio Melliet, Guiomar Novaes, Villa-Lobos, Victor Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, dentre outros) lançava-se à aventura com alguns propósitos definidos:
- Oposição ao passado, à ênfase oratória, à eloquência e ao formalismo parnasiano;
- Defesa do direito à pesquisa estética, que conduzisse à mudança e atualização da arte brasileira;
- Consciência da necessidade de valorização do nacional.
Modernismo
O Modernismo teve início em meio à fortalecida economia do
café e suas oligarquias rurais. A política do “café com leite” ditava o cenário
econômico, ilustrado pelo eixo São Paulo - Minas Gerais. Contudo, a
industrialização chegava ao Brasil em consequência da Primeira Guerra Mundial
(1914-1918) e ocasionou o processo de urbanização e o surgimento da burguesia. O
Modernismo tem seu marco inicial com a realização da Semana de Arte Moderna, em
fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O grupo de artistas
formado por pintores, músicos e escritores pretendia trazer as influências das
vanguardas europeias à cultura brasileira. Essas correntes europeias expunham na
literatura as reflexões dos artistas sobre a realidade social e política
vivida. Por este motivo, o movimento artístico “Semana de Arte Moderna” quis
trazer a reflexão sobre a realidade brasileira sociopolítica do início do
século XX.
Modernismo Brasileiro
Contexto sociocultural:
De fins do século XIX até 1930, coube aos
proprietários rurais de São Paulo e Minas Gerais papel decisivo na vida
econômica e política do país. A essa "nobreza fundiária", basicamente
conservadora, juntava-se a burguesia industrial incipiente em São Paulo e no Rio
de Janeiro, as camada dos profissionais liberais e o exército que, desde a
Proclamação da República, vinha exercendo um papel político relevante.
Os processos de urbanização e a vinda de
imigrantes europeus para o centro-sul modificam a fisionomia da sociedade
brasileira. Por outro lado, cresce a pequena classe média, a classe operária e o
sub proletariado, em consequência da marginalização dos antigos escravos.
Acelera-se o declínio da cultura canavieira do Nordeste, que não pode competir
com o café paulista em ascensão.
Simões Lopes Neto
Simões
Lopes Neto
O Capitão João Simões Lopes Neto (1865-1916)
publicou três livros em toda a vida, todos na cidade em que nascera, Pelotas,
no RS. Foram eles Cancioneiro Guasca, Lendas do Sul e Contos
Gauchescos. Fez teatro e, apesar de suas obras terem sempre cunho
tradicionalista, era um homem de hábitos urbanos. Acalentava grandes sonhos
literários e anunciou na primeira edição deste último livro que já tinha seis
outros prontos, dos quais apenas Cancioneiro Guasca e Casos do
Romualdo foram publicados em vida, este último apenas em folhetim. Terra
Gaúcha apareceu mais tarde, mas diferente do que ele anunciou. Seu
reconhecimento foi póstumo.
"E do trotar sobre tantíssimos rumos; das
pousadas pelas estâncias dos fogões a que se aqueceu; dos ranchos em que
cantou, dos povoados que atravessou; das coisas que ele compreendia e das que
eram-lhe vedadas ai singelo entendimento; do pêlo-a-pêlo com os homens, das
erosões, da morte e das eclosões da vida, entre o Blau - moço, militar - e o
Blau - velho, paisano -, ficou estendida uma longa estrada semeada de
recordações - casos, dizia -, que de vez em quando o vaqueano recontava, como
quem estende no sol, para arejar, roupas guardadas ao fundo de uma arca." Contos
Gauchescos
"Foi assim e foi por isso que os homens, que
quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais.
Não conheceram e julgando que era outra, chamam-na desde então de boitatá,
cobra de fogo, boitatá, a boitatá!" Lendas do Sul
"Findava aqui o calhamaço de que a princípio se
falou, quando disse que recebi em certa hora de pleno dezembro, por véspera de
Natal, quando eu estava, desesperado, a abanar mosquitos (...) Apenas ao canto
da página, a lápis, havia uns dizeres que custei a decifrar, e que eram estes:
o 2o. Volume será o dos 'Sonhos do Romualdo'" Casos do Romualdo
Principais Autores e Obras do Pré-Modernismo
No início do século XX, a literatura brasileira passou por uma fase de
transição, em que confluem elementos do Parnasianismo, do Simbolismo e do
Impressionismo, herdeiro do Realismo. Escritores como Coelho Neto, Afrânio
Peixoto, Adelino de Magalhães e Machado de Assis (última fase) não escaparam ao
dualismo da época: De um lado os laços com o Realismo e o Naturalismo e do outro impregnações
intimistas e esteticistas.
Por outro lado, surgiram na época tendências que anteciparam alguns dos
programas defendidos posteriormente pelos modernistas de 1922. Denomina-se
pré-modernista tudo que nas primeiras décadas do século revelaram novo enfoque
da nossa realidade cultural.
Nesse sentido, pode-se considerar pré-modernista a prosa regionalista:
Euclides da
Cunha
Euclides Rodrigues
Pimenta da Cunha nasceu a 20 de janeiro de 1866 e morreu envolvido num grande
escândalo familiar, assassinado em duelo pelo amante da esposa, a 15 de agosto
de 1909. Se formou engenheiro militar em 1892, exerceu a função de engenheiro
civil. Foi membro da ABL, do Instituto Histórico e catedrático em Lógica pelo
Colégio Dom Pedro II. Viajou muito e escreveu Os Sertões pela experiência
própria de ter testemunhado a Guerra de Canudos como correspondente
jornalístico do Estado de São Paulo.
Positivista, por alguns
autores é considerado um naturalista, mas seu estilo pessoal e inconformismo
caracterizam-no como um pré-modernista. As passagens a seguir provém de Os
Sertões, sendo cada uma de uma parte da obra.
"Ao passo que a
caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na
trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com folhas urticantes, com o
espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se lhe na frente
léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos
estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou
estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da
flora agonizante..." Os Sertões - A Terra
"Porque não no-los
separa um mar, separam-no-los três séculos..." Os Sertões - O
Homem
"E volvendo de
improviso às trincheiras, volvendo em corridas para os pontos abrigados,
agachados em todos os anteparos [...] os triunfadores, aqueles triunfadores
memorados pela História, compreenderam que naquele andar acabaria por
devorá-los, um a um, o último reduto combatido. Não lhes bastavam seis mil
Mannlichers e seis mil sabres; e o golpear de doze mil braços [...] ; e os
degolamentos, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de
canhoneio contínuo; e o esmagamento das ruínas; e o quadro indefinível dos
templos derrocados; e por fim, na ciscalhagem das imagens rotas, dos altares
abatidos, dos santos em pedaços - sob a impassibilidade dos céus tranquilos e
claros - a queda de um ideal ardente, a extinção absoluta de uma crença
consoladora e forte..." Os Sertões - A Luta
PRINCIPAIS OBRAS:
Os Sertões (1902) - Retrata a Guerra dos Canudos, sendo publicado nos
seguintes idiomas: alemão, chinês, francês, inglês, dinamarquês, espanhol,
holandês, italiano e sueco.
- Contrastes e Confrontos (1907) - Pode-se dizer que é uma obra científica e uma obra de arte. Trata-se de uma obra única na história das letras brasileiras.
- À Margem da História (1909) - Publicação póstuma, reúne os artigos de Euclides sobre a Amazônia antes e após sua viagem à região. Os ensaios amazônicos reforçam a tese de uma formação histórica marcada por contrastes e antagonismos.
Monteiro Lobato:
José Bento Monteiro Lobato nasceu em 18/04/1882 como
José Renato Monteiro Lobato e mudou seu nome mais tarde para poder usar a
bengala com as iniciais JBML do pai. Bacharel em Direito contra a vontade,
dizia sempre o que pensava e defendia a verdade. Escreveu livros para crianças
e iniciou o movimento editorial brasileiro. Meteu-se em encrenca ao afirmar que
o Brasil tinha petróleo (e estava certo). Editou livros para adultos e,
desgostoso, voltou a literatura infantil. Morreu a 04/07/48. Em Urupês aparece
pela primeira vez a figura de Jeca Tatu. Seu outro livro de contos muito
famoso, que se junta a sua bibliografia de 30 obras é Cidades Mortas. Uma
característica única de Monteiro Lobato é sua linguagem, simplificada, mais até
do que a atual gramática oficial.
"Como se fosse de natural engraçado, vivera até
ali da veia cômica, e com ela amanhara casa, mesa, vestuário e o mais. Sua
moeda corrente era micagens, pilhérias, anedotas de inglês e tudo quanto bole
com os músculos faciais do animal que ri, vulgo homem, repuxando risos ou
matrecolejando gargalhadas." Urupês
"Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e
feio na realidade!" Urupês
"A quem em nossa terra percorre tais e tais
zonas, vivas outrora, hoje mortas, ou em via disso, tolhidas de incansável caquexia,
uma verdade, que é um desconsolo, ressurte e tantas ruínas: nosso progresso é
nômade e sujeito a paralisias súbitas. Radica-se mal. Conjugado a um grupo de
fatores sempre os mesmos, reflui com eles duma região para outra. Não emite
peão. Progresso de cigano, vive acampado. Emigra, deixando para trás de si um
rastilho de taperas." Cidades Mortas
"Há de subir, há de subir há de chegar a
sessenta mil réis em julho. Café, café, só café!..."Cidades Mortas
PRINCIPAIS OBRAS:
- Idéias de Jeca Tatu (1919) - História de Vilela, Camilo e Rita envolvidos em um triângulo amoroso.
- A Menina do Narizinho Arrebitado (1920) - Tem como personagens principais Emília e Narizinho em mais uma de suas histórias inéditas.
- O Pica-Pau Amarelo (1939) - Aborda a Turma do Sítio (Emília, Narizinho, Pedrinho, Marquês de Rabicó, Conselheiro, Quindim, Visconde de Sabugosa, Dona Benta, Tia Nastácia, Tio Barnabé, Cuca, Saci, etc) vivendo situações e aventuras que mexem com a imaginação
Lima
Barreto
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio
de Janeiro em 13 de maio de 1881. Filho de um tipógrafo da Imprensa Nacional e
de uma professora pública, era mestiço de nascença e foi iniciado nos estudos
pela própria mãe, que perdeu aos 7 anos de idade. O vício da bebida começou a
manifestar-se nele, porém não o impediu de continuar a sua colaboração na
imprensa, iniciando em 1914 uma série de crônicas diárias no Correio da Noite.
Candidatou-se à vaga na Academia Brasileira de Letras, mas seu pedido de
inscrição não foi sequer considerado. De dezembro de 1919 a janeiro de 1920 foi
internado no hospício, devido à forte crise nervosa, resultando a experiência
nas anotações dos primeiros capítulos da obra O Cemitério dos Vivos.
Morreu em 1° de novembro de 1922, na cidade natal.
PRINCIPAIS OBRAS:
- Triste Fim de Policarpo Quaresma (romance – 1911)
- Numa e Ninfa (romance – 1915)
- Morte e M. J. Gonzaga de Sá (romance – 1919)
- Os Bruzundangas (crônica – 1923)
- Clara dos Anjos (romance – 1924)
- Histórias e Sonhos (contos – 1956)
Augusto dos Anjos
Notoriamente
solitário, Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914) formou-se em
direito e foi professor de Português. Nervoso, misantropo e solitário, este
possível ateu morreu de pneumonia dupla antes de assumir um cargo que lhe daria
mais recursos, já que sua única obra foi impressa com recursos de seu irmão.
Publicou apenas um único livro de poesias, Eu. Este livro foi mais tarde
reeditado como Eu e outras poesias. Sua obra era profundamente pessimista
e sua visão da morte como o fim, o linguajar e os temas usados, por muitos
considerados como sendo de mau gosto, é única em nossa literatura.
"Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come e à vida em geral declara guerra,"
Que o sangue podre das carnificinas
Come e à vida em geral declara guerra,"
PRINCIPAIS OBRAS:
- Saudade (poema - 1900) - Mostra que tanto os atos bons quanto os ruins do passado de alguém são necessários para completar o indivíduo.
- Eu e Outras Poesias (único livro de poemas - 1912) - Articula o trinômio como reflexo de um momento histórico marcado por um sentimento de perda, um mal-estar disseminado entre os intelectuais, uma angústia diante da falência da Civilização Ocidental e dos ideais do Progresso.
- Psicologia de um Vencido (soneto) - Com o uso de palavras rebuscadas e repleto de simbolismo, este soneto aborda o pessimismo marcante e retrata a tragédia da morte com naturalidade.
- Versos íntimos - Como todos os outros poemas e sonetos de Anjos, este também aborda a morte e o próprio "eu" o centro do seu pensamento
Graça Aranha
José Pereira da Graça Aranha nasceu em São Luís do Maranhão a 21/06/1848, tendo sido juiz e diplomata. Uma influência intelectual decisiva em sua obra é a de Tobias Barreto, que conheceu em 1882 enquanto cursava Direito no Recife. Formou-se em direito seis anos depois e mais quatro anos após exerceu o caso de juiz em Porto do Cachoeiro, ES, onde tomou conhecimento dos fatos que inspiraram Canaã. Seu primeiro trabalho foi o prefácio de um livro em 1894, quando já morava no RJ. Dois anos depois, em 1896, participou da fundação da ABL, mesmo nunca tendo publicado nenhuma obra literária; tal fato só foi possível porque seu amigo Joaquim Nabuco lhe foi "fiador literário" até 1902, ano da publicação de Canaã. Partiu em 1899 com o mesmo Nabuco para Europa como diplomata. Em 1911 sua peça Malazarte foi encenada com sucesso em Paris. Se aposentou da diplomacia em 1921, participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e abandonou a ABL 1924. Não é considerado modernista porque sua única obra "modernista", A viagem maravilhosa, de 1939, é feita em um estilo extremamente artificial. Morreu logo antes de publicar sua autobiografia, O meu próprio romance, em 1931. Sua única obra de significado verdadeiro é Canaã, donde provém as passagens que seguem.
"Milkau estava sereno no alto da montanha. Descobrira a cabeça de um louro de ninfa, e sobre ela, e na barba revolta, a luz do sol batia, numa fulguração de resplendor. Era um varão forte, com uma pele rósea e branda de mulher, e cujos poderosos olhos, da cor do infinito, absorviam, recolhiam docemente a visão segura do que iam passando. A mocidade ainda persistia em não o abandonar; mas na harmonia das linhas tranquilas do seu rosto já repousava a calma da madureza que ia chegando." Canaã
"Tudo o que vês, todos os sacrifícios, todas as agonias, todas as revoltas, todos os martírios são formas errantes de Liberdade. E essas expressões desesperadas, angustiosas, passam no curso dos tempos, morrem passageiramente, esperando a hora da ressurreição... Eu não sei se tudo o que é vida tem um ritmo eterno, indestrutível, ou se é informe e transitório... Os meus olhos não atingem os limites inabordáveis do Infinito, a minha visão se confina em volta de ti [...] Eu te suplico, a ti e à tua ainda inumerável geração, abandonemos os nossos ódios destruidores, reconciliemo-nos antes de chegar ao instante da Morte..." Canaã
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